Exame de História com perguntas de escolha múltipla “confusas”
Critérios de classificação criticados
A Associação de Professores de História (APH) concorda com a posição dos alunos sobre os critérios de classificação. Numa nota enviada ao JN, Mariana Lagarto e Miguel Monteiro de Barros esclarecem que, desde 2018, os docentes têm vindo “a contestar” o modelo junto do Instituto de Avaliação Educativa (IAVE).
“Repetidamente temos afirmado que a igual valoração atribuída aos itens de seleção e aos itens de composição (de construção curta, restrita ou extensa) não faz jus à especificidade do conhecimento histórico”, sublinham, lamentando que o cenário se tenha repetido este ano.
“Verifica-se que, mais uma vez, os itens de composição, nomeadamente a questão de desenvolvimento (questão 3 do grupo III), se encontram subvalorizados, tendo em conta as competências mobilizadas e o tempo necessário para os alunos construírem as suas respostas”, entendem Mariana Lagarto e Miguel Monteiro Barros, sublinhando que as perguntas de desenvolvimento requerem “análise de fontes históricas escritas ou iconográficas e a consequente produção do texto”.
“Esta operação torna-se mais complexa nos itens de comparação/cotejamento de fontes históricas com perspetivas diversas ou no item de desenvolvimento, que implica a produção de uma resposta fundamentada na análise de três ou quatro fontes, no que respeita à prova de História A”, acrescentam.
Comparando com a prova de Português, com um item de produção de texto cotado com 44 pontos – enquanto em História vale 20 pontos a mais extensa -, a APH fala em “discriminação”. “Porque é que se reconhece uma especificidade para o conhecimento das línguas que não se reconhece para o conhecimento histórico? Estaremos a assistir a uma categorização das disciplinas? Estaremos a regressar a uma hierarquização, que críamos ultrapassada, entre disciplinas de primeira e de segunda categoria?”, questionam os docentes.